sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PIB do Brasil surpreende e cresce 1,5% no 2º trimestre, mas deve desacelerar

A economia brasileira surpreendeu e registrou no trimestre passado o maior crescimento em mais de três anos, puxada pelos investimentos e pelo desempenho da indústria e da agropecuária, mas o consumo das famílias ainda patina.

Apesar do resultado melhor do que o esperado entre abril e junho, a atividade econômica deve perder fôlego no terceiro trimestre, abalada sobretudo pela confiança, avaliam analistas.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 1,5 por cento no segundo trimestre na comparação com os primeiros três meses deste ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Foi a maior alta desde o primeiro trimestre de 2010, quando ela ficou em 2,0 por cento.
Sobre o segundo trimestre de 2012, o avanço entre abril e junho foi de 3,3 por cento.
A mediana de previsões de 38 analistas consultados pela Reuters apontava para o período expansão de 0,9 por cento do PIB, com as projeções variando de 0,6 a 1,5 por cento. Sobre um ano antes, a mediana de 35 previsões indicava crescimento de 2,5 por cento, numa faixa de 1,6 a 3,8 por cento.
Segundo o IBGE, a indústria cresceu 2,0 por cento no segundo trimestre sobre o período imediatamente anterior, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, subiu 3,6 por cento. O setor agropecuário se expandiu em 3,9 por cento.
O consumo das famílias, porém, cresceu apenas 0,3 por cento, enquanto o consumo do governo subiu 0,5 por cento.
Apesar da recuperação no trimestre passado, a atividade já está perdendo fôlego, afetada sobretudo pela falta de confiança generalizada na economia, abalada ainda mais pelas manifestações populares em junho.
"O número (do trimestre passado) surpreendeu. A agricultura teve crescimento bastante forte e houve mais formação bruta de capital fixo... Muito provavelmente o terceiro trimestre vai ser mais fraco, não só pelo número forte do segundo trimestre, mas também pelos indicadores", afirmou o economista sênior do Espirito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.
No ano, o economista prevê crescimento de 2,3 por cento, mas no terceiro trimestre ele deve ficar "perto de zero". Para Serrano, "o quarto é a grande dúvida".
Indicadores de confiança das empresas e consumidores caíram nos últimos meses, especialmente após os protestos. A geração de postos de trabalho formais recuou em julho ao menor nível para o mês em uma década, enquanto o dólar chegou a disparar quase 20 por cento em apenas quatro meses, o que poderia afetar investimentos e alimentar a inflação já alta.
O próprio governo já sabe que a economia deve perder fôlego na segunda metade do ano, e que o terceiro trimestre pode ter desempenho pior do que o período anterior, o oposto da avaliação que prevalecia há poucos meses.
O cenário de baixo crescimento vem junto com a inflação ainda elevada no país, que já levou o Banco Central a elevar a Selic em 1,75 ponto percentual, para 9,0 por cento ao ano, com mais aperto monetário esperado.
A desaceleração da economia também coincide com a instabilidade nos mercados em meio aos planos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de reduzir o estímulo à economia norte-americana.
Fonte: Administradores

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